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Atilio Rulli, Vice-Presidente RP da Huawei

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Estratégia dacedida  Huawei para Transformação Digital na América Latina

Atilio Rulli, Vice-Presidente de Relações Públicas da Huawei América Latina e Caribe, revela como a empresa está impulsionando a adoção de tecnologias avançadas e promovendo cidades inteligentes na região

A Huawei, gigante global em tecnologia, tem desempenhado um papel crucial na transformação digital da América Latina. Em entrevista exclusiva à Revista Prefeitos & Gestões, Atilio Rulli, vice-presidente de Relações Públicas da Huawei América Latina e Caribe, compartilhou insights sobre as iniciativas da empresa para promover cidades inteligentes, a importância da conectividade em áreas urbanas e as estratégias para enfrentar os desafios da digitalização. Confira a entrevista completa.

P&G: Como a Huawei aborda a gestão de trânsito e mobilidade urbana por meio de tecnologias inteligentes?

Atilio Rulli: Quando falamos de cidades inteligentes, estamos falando de um conjunto de tecnologias da informação e da comunicação aplicadas ao espaço urbano pelo poder público em suas diferentes áreas de ação, como saúde, educação, mobilidade urbana, segurança, zeladoria e muitos outros serviços oferecidos à população.

Atualmente, a transformação digital dos serviços públicos está no centro dos debates sobre cidades inteligentes. Ela acelera a eficiência dos serviços, tornando processos e produtos mais inteligentes, mais ágeis, mais dinâmicos, otimizando recursos e levando à população mais cidadania e mais qualidade de vida.

A Huawei entende que a transformação digital dos serviços públicos – incluindo o de transporte e de mobilidade urbana – é essencial para a criação de cidades inteligentes. Porém, mais do que isso, a Huawei participa ativamente na expansão da infraestrutura de conectividade dos municípios, fator essencial para que a transformação digital aconteça.

Dentro desse escopo, os projetos de mobilidade urbana e gestão de trânsito estão hoje entre as prioridades da Huawei, que tem investido em pesquisa e desenvolvimento de soluções especialmente para esse fim. Na China, as tecnologias da informação e da comunicação são intensamente utilizadas na administração de aeroportos, sistemas de metrô e ferrovias, transporte urbano, estradas e no desenvolvimento de direção autônoma.

Existem exemplos muito bons hoje em dia. Shenzhen, cidade chinesa onde a Huawei foi fundada em 1988, usa sistemas de automação baseados em nuvem no aeroporto e no metrô. O uso de nuvem, de sensores e de soluções de armazenamento e análise de dados em tempo real permite a tomada de decisões mais rápidas, ganhos exponenciais em eficiência, redução de custos operacionais e de manutenção, maior sustentabilidade, além da criação de novas modalidades de serviços e negócios.

No aeroporto de Shenzhen, com aplicativos de mensagens comuns, os passageiros podem fazer uma série de serviços como check in, deixar a bagagem ou achar o portão de embarque sem filas e atrasos. Com as novas tecnologias, também foram fortalecidas a gestão de segurança e as operações aeroportuárias.

No âmbito das ruas e avenidas, há soluções inteligentes para administrar e aliviar congestionamentos, desde o monitoramento em tempo real de centenas de semáforos que podem ser programados para operar automaticamente conforme o fluxo. São ferramentas que também utilizam armazenamento de dados em nuvem, além de algoritmos de inteligência artificial (IA) e de Internet das Coisas (IoT). O objetivo é a construção de um sistema abrangente de gestão da mobilidade urbana, definida pela integração da IA com a conectividade de banda ultra larga (5G) e seus diferentes usos. Esse exemplo também leva em consideração a conectividade do automóvel que pode trocar informações em tempo real com a malha viária, além da direção autônoma.

Para finalizar, vale também citar que, no Brasil, há um amplo programa de conectividade das estradas, fruto do leilão do 5G, que visa levar banda larga 4G e 5G a 36 mil quilômetros de rodovias do país até 2029. Esse alcance atingirá inúmeros municípios e deixará as estradas mais seguras para os usuários. Prevemos, por exemplo, uma mudança completa da cobrança de pedágio. As cabines de cobrança poderão se tornar desnecessárias. Tempo, condições de tráfego, mapas interativos, turísticos e de pontos de parada podem enriquecer a experiência dos que viajam e trabalham, além de facilitar as operações dessas grandes vias integradoras do país.

P&G: Quais são os casos de sucesso de cidades inteligentes no Brasil que contaram com a participação da Huawei?

Atilio Rulli: No Brasil, a Huawei atua por meio de parcerias com empresas distribuidoras e operadoras de telefonia com foco em oferecer soluções para as diversas indústrias e para os governos. São esses parceiros que instalam a infraestrutura da Huawei e que são a base da criação de serviços públicos mais inteligentes. Podemos dizer que, hoje, cerca de 95% da população brasileira utiliza a infraestrutura da Huawei por meio de sua operadora de celular, provedor de internet e outros.

Temos acompanhado a evolução das cidades inteligentes no Brasil e acreditamos que esse é um fator extremamente importante no atual momento de renovação das casas legislativas e executivas com as eleições. Podemos ser categóricos em afirmar que a prosperidade dos municípios e de seus habitantes está vinculada, hoje, à capacidade dos mesmos de instalar uma robusta infraestrutura de conectividade banda larga. Por isso, essa ação deve constar dos programas dos governos que buscam desenvolver de maneira exponencial a economia de seus municípios, como também ser parte de políticas integradas de âmbito federal e estadual.

Temos acompanhado a evolução do tema cidades inteligentes no Brasil e percebemos cada vez mais interesse. Em novembro último, por exemplo, Curitiba foi eleita a Cidade Mais Inteligente do Mundo de 2023. O prêmio foi entregue no World Smart City Awards, que aconteceu em Barcelona, Espanha, em reconhecimento às ações e aos programas de planejamento urbano inteligentes voltados ao crescimento socioeconômico e à sustentabilidade ambiental. Entre os projetos, encontram-se hubs de inovação, acesso gratuito à internet, serviços públicos digitais, transporte inteligente e muitos outros.

Belo Horizonte foi outra capital que obteve reconhecimento internacional como cidade inteligente no ano passado. O Programa Belo Horizonte Cidade Inteligente (BHCI) foi reconhecido no “Smart Cities Study 2023”, um estudo mundial realizado pela organização internacional Cidades e Governos Locais Unidos (CGLU). A capital mineira foi a única cidade brasileira selecionada para compor o estudo, que englobou resultados em quatro campos de atuação em governança: transparência, governo digital, administração digital e dados abertos. Os projetos mostram formas inovadoras de executar políticas públicas, monitorar o espaço urbano e atender às necessidades dos mais de 2,7 milhões de habitantes da região metropolitana.

Isso mostra que o tema das cidades inteligentes está gerando cada vez mais interesse no Brasil e, engana-se quem pensa que ele está restrito aos grandes centros urbanos. Ao contrário, os grandes municípios rurais do país também têm muito a ganhar com o 5G.

P&G: Como a Huawei lida com questões de segurança pública e privacidade nas suas soluções para cidades?

Atilio Rulli: A segurança pública é, com certeza, um tema muito importante quando falamos de cidades inteligentes. Empresas e municípios podem construir sistemas integrados que combinam postes de luz, mini estações base e câmeras de vigilância, para que todas as áreas com iluminação pública sejam monitoradas, diminuindo em muito ocorrências como roubos. Entre as vantagens da conectividade, está a transmissão de imagens de policiais equipados com câmeras vestíveis ao vivo em redes sem fio, permitindo o controle total de uma operação por um centro de comando.

Nas cidades totalmente conectadas, a banda larga é rápida e onipresente, permitindo que espaços públicos sejam cobertos por equipamentos de vigilância, com plataformas unificadas incorporando informações de uma variedade de fontes, incluindo equipamentos de monitoramento ambiental, câmeras de vigilância rodoviária e sistemas de segurança de bairros e residências. Centros de controle usam essas informações para ajudar a realizar um policiamento mais eficiente e racional, focando os recursos escassos – como policiais e viaturas – em locais realmente necessários. Essas diretivas são adaptáveis de acordo com a cidade em um determinado momento, otimizando custos e criando maior eficiência.

O uso de tecnologias de reconhecimento inteligente está sendo incorporada às câmeras, com capacidades de reconhecimento facial e análise de comportamentos específicos em tempo real. Obviamente que enquanto o uso desses dispositivos pelos órgãos de segurança pública e pelo poder judiciário aumentam, é necessário séria observância às leis de proteção de privacidade. Isso é tão importante quanto o uso de equipamentos mais sofisticados para aumento da segurança nas cidades.

Por outro lado, a Huawei faz da segurança cibernética e da proteção de dados áreas estratégicas. A empresa possui um sistema de garantia de segurança cibernética robusto e resiliente, que cobre todos os processos produtivos de ponta a ponta. Todos os seus produtos e soluções são sempre testados por laboratórios independentes antes de serem lançados no mercado, o que faz da Huawei uma das empresas mais bem avaliadas do mundo.

A Huawei participa de mais de 360 organizações de padronização da indústria e ocupa cargos importantes nessas organizações, submetendo ativamente propostas e fazendo contribuições significativas para o desenvolvimento de normas de segurança; emprega mais de 3.800 funcionários dedicados à governança de cibersegurança e privacidade; e investe 5% de sua verba anual de pesquisa e desenvolvimento em iniciativas de segurança cibernética e proteção de privacidade, o que lhe permite oferecer garantias reconhecidas internacionalmente.

P&G: Quais são os indicadores utilizados pela Huawei para avaliar o progresso das cidades inteligentes?

Atilio Rulli: No Brasil, a Huawei atualmente está focada na ampliação da conectividade 5G em todo território nacional. Acreditamos que esse é o grande desafio do país. Segundo a Anatel, atualmente, 4.134 municípios estão aptos a utilizar a quinta geração do serviço móvel. No entanto, apenas 729 municípios têm leis atualizadas. Como esses municípios estão entre os maiores do país, cerca de 53% da população brasileira já está contemplada. No entanto, ainda faltam políticas para o novo mundo digital, como educação para o digital e acesso a dispositivos móveis mais baratos.

É importante entender que o país está na vanguarda de vários produtos e serviços que precisam atender todas as pessoas, não importa onde estejam. Posso dar como exemplo o Pix. Com ele, podemos fazer transações bancárias em instantes. Ele é um case de sucesso que está sendo levado a outras partes do mundo. No entanto, o Pix depende de internet banda larga segura, ubíqua e de alta qualidade, além do acesso a dispositivos móveis mais baratos. Ao mesmo tempo, nas grandes extensões rurais do país, a mineração, a pecuária e a agricultura inteligentes precisam também de conectividade estável e ultrarrápida. As novas tecnologias reduzem as diferenças entre o rural e urbano pela inclusão e pela facilidade de acesso a serviços digitais antes inimagináveis.

P&G: A Huawei promove a inclusão digital e a conectividade nas áreas urbanas?

Atilio Rulli: A Huawei é uma empresa que investe intensamente em projetos de inclusão digital. Alguns desses projetos são:

  • ICT Academy: por meio desse projeto educacional online e gratuito, universidades parceiras oferecem aos estudantes cursos com certificação da Huawei reconhecidos pela indústria. O programa funciona como uma ponte entre empresas e a academia para construir um ecossistema de talentos para o setor de TIC. No Brasil, são mais de 200 instituições parceiras e mais de 15.000 estudantes treinados somente no ano de 2023.
  • ICT Competition : é uma iniciativa que visa fomentar o desenvolvimento de talentos na área de TIC por meio de uma competição entre universidades de alcance global. No Brasil, anualmente, participam cerca de 90 instituições.
  • Seeds for the Future: projeto de intercâmbio que oferece a estudantes brasileiros treinamento teórico e prático em áreas estratégicas, como 5G, cloud e IA, e mentorias nos tópicos de liderança, inovação e desenvolvimento sustentável.
  • Women in Tech: iniciativa que tem como objetivo impulsionar a carreira de lideranças femininas na tecnologia.
  • Amazônia Conectada: no final de 2022, a parceria entre a Huawei e a operadora Veloso NET, do Amazonas, permitiu a instalação de banda larga 4G e 5G nas comunidades ribeirinhas e cidades situadas ao longo do curso do rio Solimões, que tem uma extensão de 1.700 quilômetros, de Tabatinga, cidade que faz fronteira com a Colômbia, até Manaus. Em 2023, a parceria alcançou a meta de levar conectividade de qualidade para mais 12 cidades e 18 comunidades ribeirinhas.

P&G: Quais são os desafios específicos enfrentados pela Huawei ao implementar projetos de cidades inteligentes?

Atilio Rulli: A implementação de projetos de cidades inteligentes depende de alguns fatores, mas o principal deles é a conscientização dos gestores públicos sobre a importância do tema para o avanço econômico e social dos municípios.

Estamos vivendo uma era disruptiva na qual uma enorme janela de oportunidades está aberta e não pode ser desperdiçada. Esse é o recado que gostaria de deixar: está nas mãos dos gestores públicos brasileiros o avanço no desenvolvimento econômico do país com as tecnologias digitais. Como empresa, estamos aqui para ajudar.

Precisamos acelerar esse processo, visto que ele não para. Estamos falando do 5G, mas o 5.5G já está sendo oferecido de forma comercial na China. Até o final da década a conectividade chegará ao 6G. Não é possível ficar de fora dessa revolução tecnológica que afeta todos nós.

P&G: Como a empresa colabora com outras instituições para acelerar a inteligência urbana?

A Huawei realiza parcerias com governos, instituições e empresas para propor soluções para as demandas que surgem. Cada projeto tem sua especificidade e auxiliamos as instituições a implementarem a melhor solução de acordo com suas necessidades.

P&G: Quais são os próximos passos da Huawei no desenvolvimento de tecnologias e plataformas inteligentes no Brasil?

Atilio Rulli: A Huawei é a 4ª empresa que mais investe em pesquisa e desenvolvimento no mundo, segundo a EU Joint Research Center. Ocupa o primeiro lugar no registro de patentes, com mais de 120.000 patentes registradas.

Nos últimos 10 anos, foram mais de mais CNY 1,11 trilhão (US$ 153,4 bilhões) investidos somente em pesquisa e desenvolvimento. Cada vez mais, o avanço da tecnologia será exponencial. Assim, posso garantir que a empresa continuará levando ao mercado soluções inovadoras que são fruto desse intenso trabalho de desenvolvimento.

P&G: Como a plataforma de soluções da Huawei beneficia profissionais e poderes públicos no desenvolvimento de municípios tecnologicamente inteligentes?

Atilio Rulli: As soluções da Huawei podem ser adaptadas às mais variadas necessidades e alavancar serviços públicos mais inteligentes de acordo com as características e peculiaridades de cada município e de acordo com seu próprio momento na jornada de transformação digital. O importante é compreender e começar.

Revista Prefeitos e Gestões

 

 

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