Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Número de desocupados chegou a 6,11 milhões de pessoas no trimestre, o menor patamar desde o fim de 2013. População ocupada chegou ao recorde de 102,4 milhões.
Por Micaela Santos, g1 — São Paulo
A taxa de desemprego no Brasil recuou para 5,6% no trimestre encerrado em julho, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua), divulgada nesta terça-feira (16) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Esse foi o menor nível da série histórica do instituto, iniciada em 2012. No trimestre anterior, encerrado em abril, a taxa era de 6,6%. No mesmo período do ano passado, era de 6,9%.
A desocupação atingiu 6,11 milhões de pessoas no trimestre, o menor número desde o fim de 2013, quando era de 6,10 milhões. O resultado representa uma queda de 14,2% (1 milhão de pessoas) contra o trimestre anterior e de 16% (menos 1,2 milhão) em relação ao mesmo trimestre de 2024.
Já a população ocupada chegou ao recorde de 102,4 milhões de pessoas. Desse total, o número de empregados com carteira assinada também foi o mais alto já registrado, somando 39,1 milhões.
Segundo o IBGE, esse aumento no número de trabalhadores com carteira puxou o recuo da desocupação no país. Desse contingente, os setores quem mais contrataram foram:
- Administração pública, saúde, educação e serviços sociais (+522 mil);
- Serviços ligados a informação, comunicação, finanças e administração (+260 mil);
- Agropecuária e atividades relacionadas (+206 mil pessoas).
Na comparação com o mesmo período de 2024, cinco setores se destacaram:
- Administração pública, saúde, educação e serviços sociais (+677 mil).
- Indústria (+580 mil);
- Serviços de informação, comunicação, finanças e administração (+480 mil);
- Comércio (+398 mil);
- Transporte e correio (+360 mil);
Para William Kratochwill, analista do IBGE, “esses números sustentam o bom momento do mercado de trabalho, com crescimento da ocupação e redução da subutilização da mão de obra, ou seja, um mercado de trabalho mais ativo”.
Veja os destaques da pesquisa
- Taxa de desocupação: 5,6%
- População desocupada: 6,118 milhões de pessoas
- População ocupada: 102,4 milhões
- População fora da força de trabalho: 65,6 milhões
- População desalentada: 2,7 milhões
- Empregados com carteira assinada: 39,1 milhões
- Empregados sem carteira assinada: 13,5 milhões
- Trabalhadores por conta própria: 25,9 milhões
- Trabalhadores informais: 38,8 milhões
A força de trabalho, que inclui ocupados e desocupados, atingiu 108,6 milhões de pessoas, também um novo recorde da série histórica do IBGE. O número permaneceu estatisticamente estável frente ao trimestre anterior, mas avançou 1,1% (mais 1,2 milhão) em relação ao mesmo período de 2024.
A população fora da força de trabalho somou 65,6 milhões, também mantendo estabilidade nas duas comparações.
- 🔎A população ocupada inclui todas as pessoas que estão trabalhando, formal ou informalmente. Já a força de trabalho reúne os ocupados e os desocupados, ou seja, quem está empregado e quem busca emprego. Quem não trabalha nem procura trabalho integra a população fora da força de trabalho.
A população desalentada chegou a 2,7 milhões de pessoas, e caiu 11% no trimestre (menos 332 mil) e 15% no ano (menos 475 mil). A taxa de desalento recuou 0,3 ponto percentual no período e 0,4 ponto percentual no ano, chegando a 2,4%.
Já a taxa composta de subutilização, que representa a força de trabalho “desperdiçada” no país, ficou em 14,1%. Segundo o IBGE, essa também foi a mais baixa da série, representando também uma queda de 1,3 p.p. em relação ao trimestre anterior (15,4%) e de 2,1 p.p. na comparação anual.
“Os dados mostram que quem saiu da desocupação não está abandonando a força de trabalho nem entrando no desalento, mas sim se inserindo de fato no mercado, o que é confirmado pelo recorde de ocupação”, afirma Kratochwill.
Informalidade cai para 37,8%, mas total de trabalhadores informais aumenta
Apesar do recorde de trabalhadores com carteira assinada no setor privado, houve uma estabilidade em relação ao trimestre anterior e de alta de 3,5% frente ao mesmo período de 2024.
Já os empregados sem carteira assinada eram 13,5 milhões, o que representa estabilidade nas duas comparações.
Com isso, o número de trabalhadores informais chegou a 38,8 milhões, levemente acima do período anterior de três meses (38,5 milhões) e de um ano antes (38,7 milhões).
O trabalho por conta própria também atingiu o maior nível da série, com 25,9 milhões, alta de 1,9% no trimestre (mais 492 mil) e de 4,2% no ano (mais 1 milhão).
Assim, de maio a julho, a taxa de informalidade foi de 37,8%, abaixo do trimestre anterior (38%) e do mesmo período de 2024 (38,7%).
Segundo William, “o avanço da informalidade foi pequeno e sem relevância estatística, mas a formalização continuou a crescer, o que reduziu o indicador”.
Massa de rendimentos também bate recorde
As pessoas ocupadas receberam cerca de R$ 3.484 por mês no trimestre terminado em julho, por todos os trabalhos que tinham na semana de referência da pesquisa. É o que o IBGE chama de rendimento médio real habitual.
O valor cresceu 1,3% no trimestre e registrou crescimento de 3,8% quando comparado ao mesmo período do ano anterior.
Já a massa de rendimentos, que soma os valores recebidos por todos esses trabalhadores, foi estimada em R$ 352,3 bilhões, um novo recorde, com alta de 2,5% trimestre e aumentando 6,4% (mais R$ 21,3 bilhões) no ano.
Mercado de trabalho se mantém resiliente
O Banco Central inicia nesta terça-feira sua reunião de política monetária de dois dias, com expectativa de manter a taxa básica de juros, a Selic, em 15%. A autoridade monetária tem destacado a resiliência do mercado de trabalho, mesmo diante de sinais de desaceleração gradual da economia.
O economista Maykon Douglas destaca que a forte massa salarial, que vem crescendo quase 6,3% em termos reais, tem ajudado a manter o consumo em setores mais sensíveis à demanda.
Esse movimento contribui também para a desaceleração da inflação do núcleo de serviços, que reflete preços de itens menos voláteis da economia.
“Portanto, dada essa dinâmica conjunta entre emprego e inflação subjacente, o Copom não tem espaço para alterar o cerne da sua comunicação no momento, e deve manter firme seu objetivo de manter a taxa Selic no atual patamar por tempo suficiente para reequilibrar os preços”, afirma.
Entretanto, apesar da mínima histórica no desemprego, o economista do ASA, Leonardo Costa, acredita que o país está se aproximando da estabilidade, já que a população ocupada vem mostrando sinais de acomodação no curto prazo.
“De todo modo, o mercado de trabalho segue como destaque positivo”, diz.
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Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) — Foto: Divulgação/Agência Brasil
Fonte G1