Foto Tânia Rêgo/Agência Brasil
A segurança pública no Brasil enfrenta inúmeros desafios, desde a criminalidade organizada até a falta de recursos e integração entre os órgãos de segurança. Em entrevista, o Prof. Dr. David Pimentel Barbosa de Siena, Coordenador do Observatório de Segurança Pública da USCS, destacou os principais obstáculos e possíveis soluções para o setor no país. De acordo com Pimentel, o principal desafio enfrentado pelas forças de segurança no Brasil é a criminalidade complexa e multifacetada, que vai desde pequenos delitos até crimes organizados. “A falta de recursos adequados, o baixo investimento em tecnologia e a escassa integração entre diferentes órgãos de segurança dificultam uma atuação mais eficaz”, explicou. A criminalidade transnacional, especialmente no caso de gangues violentas, também agrava a situação, exigindo uma abordagem coordenada e mais sofisticada. A violência urbana tem um impacto profundo na percepção de segurança dos brasileiros, criando um ambiente de medo constante. “Nos grandes centros urbanos, a exposição a crimes como roubos, assaltos e homicídios faz com que a população sinta que as forças de segurança são ineficazes”, afirmou o professor. Ele também ressaltou o papel da mídia na ampliação da sensação de insegurança, mesmo quando os índices de criminalidade estão em queda.
Soluções para Redução da Criminalidade
Entre as medidas eficazes para a redução dos índices de criminalidade, Pimentel apontou a combinação de inteligência policial, uso de tecnologia e integração dos órgãos de segurança pública. “O policiamento comunitário tem sido uma abordagem promissora, aproximando as forças de segurança da população e permitindo uma ação mais preventiva”, destacou. Cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, que investem em análise de dados e policiamento preditivo, têm conseguido reduzir significativamente os índices de criminalidade.
Integração Entre Órgãos de Segurança
A integração entre as esferas de segurança — municipal, estadual e federal — é essencial para melhorar a eficácia das operações policiais. “Essa cooperação permite a troca de informações cruciais e uma coordenação mais eficiente das operações, evitando redundâncias e criando estratégias mais amplas para o combate ao crime”, disse Pimentel. A colaboração com a Guarda Municipal também tem mostrado resultados positivos, especialmente na redução de pequenos delitos e na prevenção de crimes maiores.
Formação e Capacitação Policial
Um ponto crucial levantado pelo professor foi a necessidade de aprimorar a formação e o treinamento dos policiais para lidar com situações de risco. “Treinamentos voltados para o uso de tecnologias, a mediação de conflitos e a atuação em cenários de alta tensão são fundamentais”, afirmou. Além disso, ele defendeu a inclusão do conceito de segurança cidadã na formação policial, com uma abordagem mais próxima da comunidade e focada na prevenção de problemas.
Obstáculos para Políticas Públicas Inclusivas
Entre os principais obstáculos para a implementação de políticas públicas de segurança mais inclusivas, Pimentel apontou o déficit orçamentário e a falta de alinhamento estratégico entre as diferentes esferas de governo. “Além disso, muitas políticas públicas não consideram as realidades locais, resultando em ações que não atendem às necessidades específicas de diferentes comunidades”, destacou. Para o combate ao tráfico de drogas e armas, Pimentel defende o fortalecimento das fronteiras e a cooperação internacional. Ele também enfatiza a importância das operações de inteligência e monitoramento das rotas de tráfico. “Atacar as estruturas financeiras dessas organizações criminosas, desmontando suas operações de lavagem de dinheiro e confisco de bens, é uma estratégia fundamental”, apontou.
Participação da Comunidade na Segurança
A participação ativa da comunidade é fundamental para o sucesso das políticas de segurança pública. Projetos de policiamento comunitário, em que os cidadãos colaboram com as autoridades, têm ajudado a reduzir a criminalidade e aumentar a confiança no sistema. “Quando a comunidade sente que faz parte da solução, a cooperação tende a ser maior”, afirmou Pimentel.
Futuro da Segurança Pública no Brasil
O professor encerrou a entrevista com uma visão otimista sobre o futuro da segurança pública no Brasil. “Com a incorporação de tecnologias avançadas, como a inteligência artificial e o big data, o país pode alcançar níveis mais altos de segurança e justiça social”, concluiu, ressaltando que esses avanços devem ser acompanhados por uma formação contínua dos profissionais de segurança e por políticas públicas inclusivas.
“A segurança pública no Brasil depende de uma abordagem integrada que combine tecnologia, capacitação e o envolvimento da comunidade. Com o fortalecimento dessas áreas, o país pode enfrentar os desafios da criminalidade e criar um ambiente mais seguro e inclusivo para todos”
Prof. Dr. David Pimentel Barbosa de Siena, Coordenador do Observatório de Segurança Pública da USCS