TRANSFORMAÇÃO DIGITAL NA GESTÃO PÚBLICA
PREFEITURAS BRASILEIRAS ACELERAM O USO DE TECNOLOGIAS EMERGENTES PARA APRIMORAR SERVIÇOS, ENFRENTAR DESAFIOS ESTRUTURAIS E SE APROXIMAR DOS CIDADÃOS
A gestão pública brasileira vive um ponto de inflexão. Em 2025, o avanço das tecnologias digitais tem impulsionado mudanças profundas nos serviços municipais, oferecendo novas perspectivas para a eficiência, a transparência e a participação cidadã. Inteligência artificial, big data, internet das coisas e blockchain ganham espaço na rotina de governos locais, enquanto iniciativas federais e parcerias privadas reforçam esse movimento de modernização.
O uso de inteligência artificial (IA) para otimizar processos e melhorar a experiência do cidadão já é uma realidade em diversas cidades do país. “A inteligência artificial poderá transformar, de fato, a forma como os serviços públicos são prestados, aumentando a eficiência e a qualidade”, explica Leandro Prearo, reitor da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS) e conselheiro do Conselho Estadual de Educação de São Paulo. Para ele, o potencial da IA está na automação de tarefas repetitivas, no processamento de grandes volumes de dados e na criação de assistentes virtuais.
Arthur Igreja, especialista em tecnologia e inovação, acrescenta que a IA “atua para identificar, por exemplo, mau uso dos recursos, fazer um tracking mais de perto e auxilia na celeridade e em processos mais enxutos”. Ele destaca que a tecnologia também tem papel relevante na transparência e no monitoramento de transações e processos digitais.
TECNOLOGIAS EMERGENTE
Big Data, IoT e Blockchain: as engrenagens de uma nova gestão
O big data também aparece como ferramenta estratégica para orientar políticas públicas com base em evidências. “As prefeituras estão utilizando o big data para otimizar a gestão urbana, identificar áreas que necessitam de mais investimentos, prever demandas da população, melhorar a segurança pública e combater a corrupção”, afirma Prearo. Mas para que isso seja efetivo, segundo Igreja, “é preciso ter um certo ordenamento na coleta, no armazenamento e no acesso aos dados”.
A internet das coisas (IoT) e o blockchain complementam esse ecossistema de inovação. Enquanto a IoT possibilita a coleta de dados em tempo real para uma gestão mais eficiente, o blockchain “garante a segurança e a transparência em processos como licitações e registro de documentos”, pontua Prearo.
Desafios persistem: cultura, capacitação e orçamento
Apesar dos avanços, o caminho ainda é repleto de obstáculos. A resistência à mudança, a falta de infraestrutura tecnológica, a necessidade de inclusão digital e a escassez de profissionais capacitados são entraves recorrentes. “Ainda se tem muito mais aquela TI tradicional, de apoio, que dá suporte a equipamentos, mas não é necessariamente uma TI estratégica”, observa Arthur Igreja. Ele também aponta a dificuldade de investimento como um gargalo para muitas cidades brasileiras.
“É preciso investir em treinamento e desenvolvimento, contratar profissionais qualificados e criar um ambiente de inovação”
Leandro Prearo, reitor da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS)
Para Igreja, adiar esses investimentos compromete ainda mais a eficiência dos serviços: “Postergar investimentos em tecnologia mantém uma estrutura menos eficiente e que compromete ainda mais as limitações orçamentárias”.
Quando a tecnologia muda a vida do cidadão
O impacto da digitalização vai além dos bastidores administrativos. Na prática, o cidadão se beneficia de serviços mais rápidos, acessíveis e personalizados. “Os cidadãos podem acessar serviços online, acompanhar o andamento de processos e obter informações de forma mais rápida e conveniente”, diz Prearo. Igreja complementa: “Se analisar o que se pode fazer hoje com a IA dos agentes, se consegue disponibilizar determinados serviços públicos 24 horas por dia, 7 dias por semana”.
A personalização e a transparência são outras expectativas crescentes. Os cidadãos desejam não apenas respostas rápidas, como também plataformas intuitivas, canais diretos de participação e proteção dos seus dados pessoais. “A confiança na capacidade do governo de proteger informações sensíveis é fundamental para o sucesso das iniciativas de governo digital”, afirma Prearo.
Casos de sucesso e o papel da cooperação
Diversas cidades já colhem frutos da transformação digital. São Paulo, com seu programa de alvarás instantâneos; Recife, que automatizou mais de 100 processos com o Conecta Recife; Curitiba e Niterói, que investem em plataformas digitais; e Timbó (SC), que tramitou mais de 50 mil processos digitais e aumentou em 189% sua arrecadação em dois anos.
Além disso, há um esforço coordenado nacionalmente. Iniciativas como a Rede GOV.BR e o Programa de Aceleração Digital de Municípios oferecem suporte metodológico, capacitação e ferramentas gratuitas. “O Governo Federal também disponibiliza soluções como o Acesso GOV.BR, a Prova de Vida Digital e a Assinatura Eletrônica GOV.BR sem custos para os municípios”, reforça Prearo.
Parcerias com o setor privado também ganham importância. “A administração pública precisa abrir suas portas e se aproximar das empresas”, defende Igreja. Para ele, a colaboração com startups e empresas de tecnologia é essencial para ampliar o acesso a soluções inovadoras e economicamente viáveis.
”A urgência por inovação digital não é mais uma escolha – é uma necessidade estratégica. Vai muito na linha disso que se chama de IA dos agentes. É isso que está transformando as empresas e é isso que a administração pública também precisa ficar de olho”
Arthur Igreja, especialista em tecnologia e inovação
O futuro já começou
A cidade de Austin, nos EUA, e o país da Estônia são citados por ele como referências globais nesse processo. Medir o sucesso dessas iniciativas exige uma abordagem multifacetada, que combine indicadores técnicos com a percepção do cidadão. Prearo cita índices como o ITDI (Transformação Digital e Integridade) e o ABEP-TIC como referências no Brasil, além do DESI, da União Europeia.
No fim das contas, o sucesso da transformação digital deve ser sentido na ponta, pelo cidadão. E 2025 parece ser o marco de um novo tempo para os municípios brasileiros — mais tecnológicos, acessíveis e preparados para os desafios do futuro.
SAÚDE PÚBLICA DIGITAL
Pilares: Tecnologia, prevenção e equidade
A gestão pública em saúde entra em 2025 com um desafio duplo: modernizar seus sistemas e garantir que essa inovação chegue a todos. Para o médico radio-oncologista Dr. Felipe Teles Arruda, membro da Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT) e executivo em saúde, a pandemia de COVID-19 não apenas revelou a urgência dessa transformação, como também acelerou sua implementação em escala global.
“A pandemia foi uma das lições mais emblemáticas para demonstrar a relevância das ferramentas digitais na gestão de crises de saúde pública”, afirma. Segundo ele, a telemedicina, os algoritmos de previsão de demanda e a digitalização de prontuários são avanços que vieram para ficar — e que já estão redesenhando o futuro da gestão pública.
O legado da pandemia: conexão e inteligência em tempo real
A adoção massiva da telemedicina foi um dos marcos da pandemia. De acordo com Dr. Felipe, ela “destacou-se ao conectar profissionais de saúde e pacientes em regiões remotas ou isoladas, como nas comunidades amazônicas, que passaram a ter acesso a atendimento por meio de plataformas de vídeo”.
Outro avanço significativo foi o uso de sistemas automatizados de monitoramento hospitalar. “Essas soluções permitiram uma gestão inteligente de leitos e a identificação precoce de picos de demanda com apoio da inteligência artificial”, explica. O impacto não se restringiu ao Brasil. No Reino Unido, o NHS usou algoritmos para prever a necessidade de equipamentos críticos, otimizando a distribuição entre hospitais.
Prevenção e personalização: o futuro do cuidado
Com o aumento projetado de casos de câncer até 2030, a capacidade de antecipação torna-se estratégica. “Tecnologias de análise preditiva estão desempenhando um papel crucial na identificação de populações de risco e no planejamento de ações preventivas”, afirma o médico.
Exemplos internacionais mostram o poder dessa abordagem: “Em Israel, programas de saúde correlacionam hábitos alimentares, histórico familiar e padrões genéticos para viabilizar intervenções personalizadas”, destaca. Já na detecção precoce, ferramentas baseadas em IA para leitura de exames como mamografias vêm superando a precisão humana em estudos clínicos.
O impacto é ampliado quando essas soluções são integradas. “Os prontuários eletrônicos permitem um cuidado mais eficaz ao conectar médicos e hospitais em redes nacionais e internacionais”, diz Dr. Felipe, mencionando o sistema EPIC dos Estados Unidos como referência.
Eficiência financeira com responsabilidade social
A sustentabilidade financeira dos sistemas públicos é outro foco da transformação digital. “Sistemas digitais permitem maior controle de custos ao automatizar processos administrativos e otimizar a alocação de recursos”, afirma. A equidade também se fortalece com plataformas que ampliam o acesso em áreas remotas. Porém, a fragmentação dos sistemas de saúde ainda é um desafio. “A interoperabilidade se torna essencial para garantir que informações clínicas possam ser compartilhadas com segurança e eficiência entre diferentes provedores”, adverte.
Profissionais e pacientes no centro da inovação
A tecnologia, segundo o médico, deve estar a serviço das pessoas — não o contrário. “A capacitação e o bem-estar dos profissionais de saúde são fundamentais para que as inovações tecnológicas sejam adotadas com êxito”, enfatiza. Ao mesmo tempo, cresce uma transformação silenciosa: a do comportamento dos pacientes. “Observamos um aumento do consumerismo em saúde, com pacientes mais ativos, exigindo participação nas decisões e mais transparência sobre seus cuidados.” Essa mudança exige que gestores públicos estejam atentos não só à infraestrutura, como também às relações humanas que sustentam o sistema de saúde.
Casos inspiradores e lições internacionais
A cidade de Tallinn, na Estônia, é um exemplo citado por Dr. Felipe como referência na integração de serviços digitais. “Lá, inovação e interconexão caminham juntas, permitindo maior agilidade, economia de recursos e satisfação dos cidadãos.”
“A inteligência artificial ocupa papel central nesse novo ecossistema. Ela não apenas otimiza operações como também abre novas fronteiras para a prevenção e o tratamento de doenças”
Dr. Felipe Teles Arruda, membro da Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT)
O que está por vir
O especialista reforça que 2025 marca uma virada histórica para a gestão pública em saúde. “Entramos em uma nova era em que a tecnologia promove eficiência, inclusão e sustentabilidade. Mas é preciso garantir que os benefícios sejam acessíveis a todos”, defende.
Nesse contexto, políticas públicas precisam ir além da inovação pela inovação. “É essencial que governos invistam em infraestruturas digitais resilientes, priorizem a proteção de dados e integrem os diversos atores da saúde em um ecossistema colaborativo.”
Para Dr. Felipe Teles Arruda, a transformação digital não é apenas uma ferramenta de modernização, mas um caminho para a justiça social na saúde. Quando bem aplicada, ela conecta conhecimento, recursos e pessoas — e constrói um sistema público mais humano, inteligente e preparado para os desafios do futuro.
CULTURA DO HACKING
Em meio ao avanço acelerado da transformação digital no setor público, uma perspectiva ousada — e profundamente humana — chama a atenção. Para Luciano Mantelli, fundador da consultoria FOURGE, a adoção de tecnologias emergentes, como inteligência artificial e big data, só faz sentido quando começa por um olhar atento à cultura local. Seu trabalho consiste, justamente, em “hackear” pensamentos, rotinas e sistemas para revelar caminhos novos, partindo daquilo que muitas vezes é ignorado: as falhas e resistências que toda transformação encontra.
“A grande propulsora do desenvolvimento dos municípios é a capacidade de influenciar o raciocínio da comunidade para buscar melhorias”, afirma Mantelli, que cresceu em uma zona rural do Rio Grande do Sul e morou em diversas cidades até se estabelecer no ecossistema de inovação. “Cidades que incentivam o empreendedorismo e trazem problemas reais para o centro da discussão desenvolvem pessoas — e essas pessoas constroem soluções para suas próprias comunidades.”
A FOURGE nasceu dessa experiência. E não se pauta por tendências ou soluções prontas. “Desenvolvemos nossas metodologias com base em etnografia e hacking culture. Não adianta tentar copiar cases que deram certo em outro lugar. Cultura local é o ponto de partida”, afirma.
Entender as falhas para construir o novo
Na visão da FOURGE, as falhas são parte essencial da mudança. “A cultura de hacking, com base alemã e americana, nos ensina a olhar para os problemas estruturantes e, a partir deles, introduzir novas formas de operar. Não dá para forçar soluções em estruturas que ainda não estão prontas para recebê-las.”
Essa abordagem é particularmente relevante no setor público, marcado por burocracia, resistência institucional e constante troca de lideranças. “É preciso tratar os ‘anticorpos’ das estruturas políticas. Muitas vezes, as pessoas dentro da gestão não aceitam novidades porque a estrutura não foi preparada para isso. Inovar, nesses casos, é saber fazer a gestão da mudança.”
Transformação digital vai além de tecnologia
Ele defende que a digitalização deve ser acompanhada por uma desconstrução consciente das regras atuais. “Não é simplesmente tirar o processo do papel e colocar em uma plataforma. É olhar para a forma como o mundo opera hoje, e a partir disso redesenhar a forma como gerimos.”
Hypes ou soluções reais?
Ao contrário de muitos especialistas que tratam tecnologias emergentes como “moda passageira”, Mantelli vê em algumas delas um poder transformador real — e, ao mesmo tempo, perigoso. “A inteligência artificial da maneira que está hoje não é hype, é bomba. Tem um poder de transformação e destruição absurdo.”
Para ele, é essencial que líderes públicos saibam diferenciar modismos de movimentos estruturais. “Não basta implementar a tecnologia do momento. É preciso entender o que está por trás, qual a real demanda da população e como adaptar a ferramenta ao contexto.”
Setores como saúde, educação e agricultura devem ser prioridades. “Essas áreas são onde os hypes estão se tornando relevantes de verdade. Mas a implementação tem que acontecer com velocidade e, ao mesmo tempo, com responsabilidade.”
Cibersegurança: protagonista, não barreira
A segurança digital é um tema recorrente em tempos de serviços públicos online. Para Mantelli, o problema não está em priorizar a cibersegurança, mas em usá-la como desculpa para paralisar projetos. “A preocupação com segurança deveria ser estruturante, mas muitas vezes ela é esquecida quando se quer acelerar. E, quando lembram, vira desculpa para não fazer mais nada, porque ‘fica oneroso e burocrático’.”
Ele propõe uma lógica inversa: “A segurança deve estar presente desde o início, não como um entrave no final. Primeiro vem o fenômeno, depois a regra. Isso não significa abrir mão da segurança, mas integrá-la à estratégia de transformação.”
Confiança, vulnerabilidade e visão de futuro
A inovação no setor público passa, necessariamente, por relações humanas. E nisso, Mantelli é enfático: “A mudança gera medo, principalmente em ambientes onde há troca de gestão a cada quatro anos. É complexo. Mas não dá para pensar apenas no curto prazo. Precisamos colaborar em torno de uma visão de futuro desejável para a sociedade, e não apenas para a próxima eleição.”
Na FOURGE, valores como confiança, honestidade e vulnerabilidade são premissas. “É nesse ambiente que a inovação realmente acontece. É preciso tratar a ambiguidade com visão.”
“Transformar a gestão para um mundo digital vai além de incluir tecnologia. A questão é: o que muda com o mundo digital? Que processos precisam ser repensados? Como o desejo de mudança acontece?”
Luciano Mantelli, fundador da consultoria FOURGE
As tendências que vêm aí
Quando olha para o futuro da administração pública municipal, Mantelli enxerga duas áreas em transformação: saúde e educação. “A personalização da saúde é uma tendência forte. O acesso continua sendo um problema, mas só será resolvido com mudanças na cultura de autocuidado. E a IA pode apoiar muito nesse processo.”
Na educação, o uso de celulares nas escolas é um símbolo da contradição cultural. “Hoje tratamos isso como um problema, mas precisamos mudar esse olhar para que a tecnologia amplie a capacidade de aprendizagem e forme cidadãos preparados para o futuro.”
Luciano Mantelli propõe uma ruptura com a lógica tradicional de gestão pública. Para ele, mais do que implantar tecnologias, é preciso transformar mentalidades. E isso começa entendendo o território, acolhendo as falhas e construindo soluções a partir da cultura real de cada município.
CIDADES CONECTADAS
A administração pública municipal brasileira vive um momento de virada. Com a aceleração da transformação digital, prefeituras em todo o país passam a integrar soluções tecnológicas que prometem eficiência, transparência e proximidade com o cidadão. À frente da Associação Nacional do Mercado e Indústria Digital (AnaMid), Rodrigo Neves tem acompanhado de perto essa evolução.
“As principais inovações que hoje impactam a gestão municipal envolvem sistemas integrados em nuvem, uso de inteligência artificial para análise preditiva, automação de processos e plataformas digitais para escuta ativa da população”, afirma Neves. Ele também destaca o avanço do georreferenciamento de serviços urbanos e o uso emergente do blockchain para garantir rastreabilidade e segurança em licitações.
Desafios da digitalização e o papel da AnaMid
Apesar do entusiasmo com a tecnologia, a realidade municipal ainda apresenta obstáculos significativos. “Os principais desafios passam pela falta de infraestrutura, escassez de pessoal capacitado e resistência à mudança”, aponta. Para Rodrigo Neves, a transformação digital exige mais que tecnologia — demanda uma mudança cultural. A AnaMid atua como ponte entre o setor público e o ecossistema de inovação. “Promovemos capacitações, fóruns, oficinas e defendemos políticas públicas que incentivem a digitalização de forma estruturada e inclusiva”, destaca.
Inteligência, dados e participação cidadã
A construção de cidades inteligentes envolve a integração de tecnologias como IoT e IA. “Sensores conectados permitem monitorar trânsito, energia, reservatórios e coleta de lixo em tempo real. A IA processa esses dados e orienta decisões mais eficientes”, afirma Neves. No entanto, ele ressalta que a governança de dados deve ser prioridade: “Tecnologia precisa estar a serviço das pessoas, e não apenas da automação”.
Nesse sentido, a cibertransparência ganha relevância. “Portais de dados abertos, indicadores em tempo real e aplicativos de participação cidadã são fundamentais para uma gestão mais horizontal”, defende. A AnaMid apoia plataformas de governança colaborativa, com consultas públicas e canais de comunicação direta com a população.
Big Data com responsabilidade
O uso de big data tem ampliado a capacidade de análise e planejamento das gestões públicas, mas requer cuidado. “É fundamental estabelecer uma política municipal de governança de dados, baseada nos princípios da LGPD”, explica. Segundo ele, a coleta deve ser mínima, com dados anonimizados e finalidades claras: “A meta é melhorar serviços e políticas públicas com segurança e propósito”.
“Os gestores precisam pensar a transformação digital como estratégia de médio e longo prazo, investindo em infraestrutura e capital humano”
Rodrigo Neves, CEO e Fundador da VitaminaWeb e Presidente da AnaMid
Inclusão e capacitação
Para a AnaMid, tecnologia não deve acentuar desigualdades, mas reduzi-las. “É essencial respeitar as particularidades de cada município, fomentar soluções modulares e políticas que levem conectividade às regiões menos favorecidas”, aponta. A associação também promove a capacitação de servidores por meio de eventos e programas de formação. “Queremos transformar conhecimento em prática e preparar os gestores para liderar com segurança.”
Neves prevê que, nos próximos anos, o impacto virá da convergência entre IA, interoperabilidade, 5G, identidade digital e carteiras de serviços públicas. “Os gestores precisam pensar a transformação digital como estratégia de médio e longo prazo, investindo em infraestrutura e capital humano”, conclui.