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Brics: oportunidade para profissionais globais

VI Cúpula do Brics é realizada com segurança máxima em Fortaleza (CE)( Marcelo Camargo/Agência Brasil)

“Mais do que habilidades técnicas, destaca-se a importância das competências interculturais”, destaca a profissional.

Congresso em Foco

8/7/2025 15:47

A entrada da Indonésia no Brics, oficializada em janeiro de 2025, ampliou para 11 o número de países integrantes do bloco, marcando uma nova fase de expansão geopolítica e econômica. Com a nova configuração, o grupo responde por 39% do PIB global (em paridade de poder de compra), 48,5% da população mundial e 24% do comércio internacional, segundo dados divulgados pelas confederações e instituições ligadas ao bloco.

Criado inicialmente como Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), o grupo ganhou o “S” com a entrada da África do Sul em 2011. Em 2023, cinco novos países aderiram ao agrupamento: Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Com a recente inclusão da Indonésia, o Brics consolida sua presença em todos os continentes e amplia sua inserção no Oriente Médio e na África.

Além dos países membros, Bolívia, Belarus, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Tailândia, Uganda e Uzbequistão foram anunciados como parceiros do bloco em 2025.

As onze economias emergentes do BRICS estão em destaque no contexto mundial.

As onze economias emergentes do BRICS estão em destaque no contexto mundial.Rafael Neddermeyer/BRICS Brasil/PR

 

Presidência brasileira e prioridades

O Brasil assumiu a presidência do Brics em 2025 com uma pauta centrada na cooperação energética e na eficiência sustentável. Entre as prioridades estão temas como segurança alimentar, energias renováveis e a reforma das instituições financeiras internacionais.

O país também tem papel estratégico no comércio com os demais membros do grupo. Em 2024, o Brics foi destino de 36% das exportações brasileiras, somando USD 121 bilhões, e origem de 34% das importações, equivalentes a USD 88 bilhões. A corrente de comércio BrasilBrics alcançou USD 210 bilhões, representando 35% do comércio exterior nacional, conforme dados do ComexVis.

Impacto no mercado de trabalho e na formação profissional

A atuação no contexto ampliado do Brics demanda profissionais com competências específicas. De acordo com Elizabeth Ribeiro Martins, coordenadora do curso de Tecnologia em Gestão Internacional da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), o ambiente multilateral do bloco requer mais do que conhecimento técnico. “Mais do que habilidades técnicas, destaca-se a importância das competências interculturais. Compreender costumes, idiomas, valores sociais, sistemas jurídicos e práticas culturais dos países do Brics permite uma comunicação global eficaz”, afirma.

Além disso, são destacadas habilidades como domínio do comércio e dos investimentos, diplomacia econômica, inovação e adaptação tecnológica. O Brics também se apresenta como plataforma para negociação de acordos comerciais, cooperação em infraestrutura e discussão sobre moedas alternativas ao dólar.

A coordenadora menciona a crescente importância de profissionais com visão estratégica, aptos a articular interesses entre países com prioridades distintas, como Rússia (energia), Índia (tecnologia) e Indonésia (logística e mineração).

Recursos naturais e capacidade geopolítica

O bloco também representa força significativa em recursos naturais. Dados da Agência Internacional de Energia indicam que os países do Brics detêm 72% das reservas de minerais de terras raras, 43,6% da produção mundial de petróleo, 36% da produção de gás natural e 78,2% da produção de carvão mineral.

A Indonésia, novo membro, amplia as oportunidades de cooperação em setores como mineração e agronegócio sustentável. O país asiático também tem relevância estratégica por controlar rotas marítimas importantes, como o Estreito de Malaca.

Expansão e nova governança global

A expansão do Brics e o aumento do interesse de novos países parceiros refletem a busca por uma nova ordem mundial multipolar. “O Brics não é apenas um foro de articulação política e diplomática, mas também uma plataforma essencial para a cooperação multilateral”, afirma Elizabeth.

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